sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Estranho Caso da Boneca Okiku


A história a seguir é sobre uma menina e uma boneca. A menina, de fato, existiu. A boneca, até hoje, existe.

15 de Agosto de 1918.
Província de Hokkaido, cidade de Sapporo:
Término do grande feriado de Finados.
Eikichi Suzuki, um rapaz de 17 anos, compra uma bela boneca para sua irmã mais nova, aniversariante.
Kikuko acabara de completar 3 anos, uma linda garotinha. E fica muito feliz com o presente, uma bela bonequinha tradicional japonesa, de kimono bordado e cabelo liso até os ombros.

A menina não desgruda da boneca. Onde está Kikuko, a boneca está junto
.
Kikuko adora dormir abraçadinha com sua boneca, leva-a até para tomar banho.
A boneca ganhou o nome de Okiku (Crisântemo).

Janeiro de 1919 - Inverno
Hokkaido é a província que marca as menores temperaturas do Japão.
Neste ano, os termômetros marcavam 7 graus negativos, nevava muito.
Kikuko está gravemente doente. E a limitada medicina da época pouco pode ajudá-la.
Prematuramente Kikuko deixa este mundo no dia 24 de Janeiro de 1919.

Após o triste velório, chega a hora da cremação de Kikuko.
De acordo com as antigas tradições japonesas, os pertences mais queridos pelo falecido são colocados no caixão junto ao corpo a ser cremado.
Porém Eikichi e sua família não colocam a boneca que Kikuko tanto gostava.
Preferem deixá-la em um altar, para sempre se lembrarem com carinho da pequena irmã.
Uma recordação.
As cinzas da pobre menina são depositadas no pequeno templo Man-nenji.

Eikichi e sua família, dia após dia, reúnem-se na frente do altar para rezar.
Conversam com a boneca, pois acreditam que Kikuko com certeza estaria junto a sua boneca preferida.
Contam as novidades da família, dizem para ela ficar bem aonde estiver. E nunca se esquecem de oferecer um pouquinho de água e alimento no altar para Kikuko, a fim de que ela não sinta fome ou sede na outra dimensão.
É uma forma de mitigar um pouco da dor que sentiam, diminuir as saudades.


A família nota um estranho fenômeno.
O cabelo da boneca parece crescer lentamente.
Quando a boneca foi comprada, o cabelo estava acima dos ombros.
Passados alguns meses, o cabelo atingia a linha da cintura.
Para a família era um sinal de que Kikuko estava presente, que estava com eles e a boneca era um sinal físico. Eikichi sempre reforçara ter a impressão de que Kikuko estar junto a ele, na forma de espírito.
De certa maneira, a alma de Kikuko havia encarnado na boneca Okiku.

Em 1938 o cenário da Segunda Guerra Mundial está praticamente pronto.
Eikichi faz parte de um grupo miliar, a família precisa-se mudar para as Ilhas Sacalina, na Rússia.
Existia a dúvida se era uma viagem com volta, o risco é grande de algo ruim acontecer.

Como forma de poupar Kikuko da guerra, a família decide deixar a boneca Okiku no Japão.
Entregam a boneca aos monges do templo Man-nenji, no qual estão depositadas as cinzas da menina.

Após a guerra, retornam ao templo Man-nenji, para visitar o túmulo de Kikuko.
A família procura pela boneca Okiku, que está em um altar. Notam que a boneca está com o cabelo ainda mais longo.
Os olhos da boneca mudaram, parecem úmidos e tristes. A boca ficou entreaberta. O rosto da boneca tinha a mesma expressão de Kikuko quando queria chorar ou estava triste.

Esta lenda urbana começou a se espalhar, rapidamente.
Conforme cresciam os comentários acerca da estranha boneca, cientistas se interessaram em investigar o que de falto acontecia com esta boneca, cujos cabelos crescem.
A análise feita em laboratório revelou que o cabelo é humano.


Algumas conclusões dos cientistas:
O cabelo da boneca é constituido por longos fios, que não foram totalmente puxados para fora na hora da confecção da mesma. Com o tempo, os fios, ao serem manuseados, acabam sendo puxados e o cabelo "cresce".
Não há explicação para alteração no rosto da boneca. Alegou-se deterioração do material utilizado, que acabou por deformar a expressão da mesma.

Essa história intriga o Japão há decadas, a Lenda de Okiku ainda hoje é muito famosa.



Muitas pessoas costumam visitar o Templo Man-nenji para ver a boneca de perto.
Não só pelo mistério, mas por tudo o que esta história simboliza: os laços de amor em família, que não se dissolvem mesmo após a morte


Fonte: http://lostinjapan.portalnippon.com/2010/05/o-caso-da-boneca-okiku-lost-in-japan.html

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