quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Ilha Fantasma de Gunkanjima


Distante 15km do porto de Nagasaki (região próxima de onde caiu a segunda bomba atômica) há uma pequena ilha. A Ilha de Hashima, minúscula em seu 1km² de extensão.
O formato da ilha e de seus prédios lembra um navio de guerra. Tal aparência determinou que a ilha fosse apelidada de Gunkanjima (em japonês Gunkan - navio de guerra. Jima - ilha). O apelido suplantou o nome oficial.
Gunkanjima foi comprada pela Mitsubishi em 1890 por causa de suas grandes jazidas de carvão mineral.

A Mitsubishi, além de operar a extração de carvão, construiu na ilha vários prédios residenciais, escolas, hospital. O mundo substituiu o carvão pelo petróleo. A ilha de Gunkanjima entrou em decadência.
No ano de 1974 a Mitsubishi resolveu encerrar a produção de carvão. A ilha iria ser fechada, mais de 5000 habitantes de Gunkanjima foram transferidos para o continente a fim de trabalhar em outras empresas do gigante grupo Mitsubishi.
Desde então a ilha ficou abandonada. O acesso à ilha, proibido.
Nunca mais ninguém habitou a ilha. Apenas alguns jornalistas, fotógrafos e pesquisadores tiveram acesso autorizado à Gunkanjima.

Crianças brincando na escola da ilha:
E tambem mercados, lojas, cinema, um templo budista e até um cemitério, transformando a ilha em uma grande e moderna vila operária:




Não era fácil a vida na ilha. Fortes tufões e maremotos eram coisa comum:

Ilha-formigueiro. Mais de 5000 pessoas se espremiam em 6,3 hectares. Gunkanjima chegou a ter a maior densidade demográfica do mundo:

2002 - Da cidade operária sobraram apenas ruínas. À esquerda a velha escola (que aparece na foto das crianças brincando):

Esta é a sala de controle mestre da companhia de eletricidade da ilha. O material totalmente corroído pela forte maresia:


A destruição do prédio , obra do tempo e da natureza.O prédio conta com quase cem anos. E a região é pródiga em tufões violentos:
A velha tv e utensílios domésticos.Tudo bagunçado, obra dos fortes tufões de verão:
O velho hospital da vila industrial:


Esses pilares sustentavam uma grande esteira elétrica que carregava o carvão das minas

para os galpões de









beneficiamento:




















Este é o primeiro prédio alto de concreto (nove andares) construído no Japão 
Ano de 1916. Ainda segue de pé:












O velho ginásio de esportes:



Medicamentos do hospital:











Alguma criança esqueceu sua boneca na ilha...










A velha máquina de lavar :










Sons do passado...














Central de rádio-transmissão:










Projetor de filmes da escola:










Caixa registradora de um pequeno mercado:

















O governo de Nagasaki, assim que recebeu a ilha de volta, iniciou um grande projeto de estudos sobre a ilha.
As autoridades locais decidiram não demolir as estruturas que haviam na ilha, nem alterá-las através de recuperação.
E sim estudar profundamente tudo o que aconteceu na ilha após o abandono da mesma, em conjunto com a Universidade de Nagasaki e vários cientistas.
A ilha, de certo modo, simulou o desaparecimento do ser humano do planeta Terra.
O que aconteceu com a ilha é uma mostra do que aconteceria no mundo caso o ser humano deixasse de existir.
Respostas para questões do tipo: quanto tempo duraria tudo o que o homem já fez no mundo? A natureza reocuparia todo o espaço perdido para as construções humanas? Qual a escala de deterioramento em um lugar ocupado/não-ocupado por humanos?
Este estudo serviu de base para vários documentários (Discovery Channel, NHK, etc).
Em 2006 a ilha passou a ser considerada patrimônio nacional do Japão. É um retrato vivo da transformação industrial japonesa das eras Meiji, Taisho e Showa (fins do século XIX até 1970).

Em 2008 iniciou-se um processo de restauração leve dos edifícios da ilha (para evitar o desabamento total, mas sem descaracterizá-los).
A partir de 2009 tornou-se possível visitar a ilha de Gunkanjima.
Não é permitido entrar nos velhos prédios (muitos correm o risco de desabar), mas pode-se percorrer a ilha através de visita guiada.
E a ilha serviu de cenário para alguns clipes e filmes japoneses (de terror, é claro).



Fonte: Lost in Japan

Nenhum comentário: